Acalanto
Na zona sul de Teresina, Lúcia já não sabe mais o que fazer, cansada, está quase em casa, tinha ido pegar Pedro na escola. Abre a porta. Ainda estavam se acostumando à nova rotina. Tinha uns dois meses que se mudaram para essa casa. Até quando conseguiriam pagar o aluguel? Ela só pensa em almoçar e descansar ao menos um pouco, mas, o cheiro de queimado empesteava a sala. Tava tudo branco de fumaça. Onde o Jorge se meteu? O marido tinha saído e deixado Ana tomando conta do fogão. Era inacreditável. Como é que ele deixa uma criança de seis anos sozinha em casa e com o fogo ligado?
Isso é só uma pequena fagulha para o que ainda estava por vir, ou melhor, para o que já estava escondido por ali, pela casa. No decorrer dos dias e em meio aos afazeres diários, Lúcia vê as crianças brincando com o que acredita ser apenas um amigo imaginário. Ela não poderia estar mais enganada.
Vozes estranhas e vultos começam a aparecer pelos quartos, e alguma
coisa corre do lado de fora. Chega a um momento em que não adianta mais
trancar as portas. A casa aos poucos é tomada. O jeito é enfrentar
aquela coisa.
Como manter as crianças a salvo no meio disso tudo?